O produtor rural Juraci José dos Santos
Santana, morto na madrugada da última terça-feira no município de Una (a
460 km de Salvador), denunciou à Polícia Federal e a pelo menos dois
ministros do governo Dilma Rousseff (PT) que vinha recebendo ameaças de
morte. A informação foi confirmada pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA) e pelo deputado federal Geraldo Simões (PT-BA).
Ambos criticaram a atuação do governo federal na
mediação do conflito entre produtores rurais e indígenas pela posse de
terras na região entre os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, no sul
da Bahia.
Em discurso na Câmara na quinta (13), Simões
afirmou que Juraci se reuniu em Brasília com o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, e com a então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
Nas duas ocasiões, afirmou aos ministros que corria risco de morte.
Segundo o deputado, Juraci -líder de um assentamento composto por 45
famílias- teria sido ameaçado por não aceitar se autodeclarar índio
tupinambá.
O objetivo dos indígenas era fortalecer o grupo para
pleitear uma fatia maior de terra na região em disputa. Juraci também
esteve reunido com vice-presidente, Michel Temer, em setembro de 2013,
período em que este assumiu a Presidência interinamente.
Um dos presentes na reunião, o então vice-presidente
da Caixa Econômica Federal Geddel Vieira Lima confirma que Juraci
relatou as ameaças de morte ao vice-presidente, que cobrou providências
ao ministro Cardozo.
“Temer telefonou para o ministro e relatou a
situação. Mas infelizmente faltou coragem para enfrentar o problema e o
resultado foi um inocente assassinado”, afirma Geddel, que deixou o
governo em dezembro.
“Escorraçada”
O deputado Geraldo Simões afirmou ainda em discurso que as tropas da Força Nacional de Segurança Pública foram “escorraçadas” da região pelos índios há uma semana, após cerca de quatro horas de tiroteio.
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