21 maio 2014

Médicos E Governo Divergem Sobre Capacidade De Atendimento Na Copa

Em Salvador, governo e médicos se dividem em relação à capacidade de atendimento diante da expectativa da chegada de milhares de turistas atraídos pelos três clássicos europeus que serão disputados na Arena Fonte Nova na Copa; o governo garante que a estrutura montada é suficiente para atender a demanda, mas representantes do Sindicato dos Médicos da Bahia discordam; "Tanto o serviço municipal quanto estadual na Bahia estão passando por grandes dificuldades", diz Francisco Magalhães (foto), presidente do Sindimed

Em Salvador, semanas antes do início da Copa do Mundo, governo e profissionais de saúde se dividem em relação à capacidade de atendimento diante da expectativa da chegada de milhares de turistas atraídos pelos três clássicos europeus que serão disputados na Arena Fonte Nova. O resultado só poderá ser medido no final da Copa do Mundo. O governo garante que a estrutura montada é suficiente para atender a demanda. Já representantes do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA) discordam.

"Tanto o serviço municipal quanto estadual na Bahia estão passando por grandes dificuldades", disse Francisco Magalhães (foto), presidente do Sindimed, ao mencionar a falta de estrutura e profissionais nas unidades. "As instalações estão precárias e, em termos de pessoal, há restrição de contratações e isso começa a se constituir em precarização. Os [profissionais] que têm, acabam trabalhando mais, com sobrecarga".

No início de maio, médicos da rede municipal de Salvador decidiram aderir à greve, deflagrada por outros servidores da capital baiana e que terminou na semana passada.

A Arena Fonte Nova será palco da disputa entre Espanha e Holanda, no dia 13 de junho; Alemanha e Portugal, no dia 16 e Suíça e França, no dia 20. Nesses dias, três postos de atendimento funcionarão no perímetro do estádio, com médicos e enfermeiros, abrindo três horas antes da partida e fechando uma hora depois. O mesmo esquema será repetido no dia 25, durante a partida entre Irã e Bósnia-Herzegovina, e nos dias 1º de julho, em uma partida das oitavas de final, e 5 de julho, durante um dos jogos das quartas de final.

Luciana Peixoto, diretora de Atenção e Saúde da Secretaria Municipal de Saúde e responsável pela área durante o Mundial, explicou que os profissionais lotados nas unidades de atendimento avançado estão preparados para atender desde casos mais simples de ortopedia até fazer pequenas cirurgias. Números do governo apontam que, no perímetro da arena, vão atuar mais de 160 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, condutor do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) e agentes da vigilância sanitária.

"As equipes das unidades de emergência próxima à arena também terão mais profissionais de enfermagem do que o normal. Se tem oito terão, pelo menos, dez enfermeiros", acrescentou.

O governo aposta no esquema e diz que as experiências vividas nos eventos-testes, como o carnaval fora de época e a Copa das Confederações, provaram que a estrutura montada é suficiente para atender ao evento. "A rede já tem expertise de fazer o carnaval. O posto é similar, tem a mesma estrutura e profissionais capacitados que já sabem como encaminhar. A experiência na Copa das Confederações mostra que transferimos menos de 10% das pessoas atendidas nos postos", informou a diretora.

Luciana Peixoto garantiu que os atendimentos aos moradores da cidade não serão prejudicados com a chegada de um número maior de turistas. "Na rede de urgência e emergência, aumentamos mais uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e em junho teremos mais uma para atendimento imediato e estamos reforçando as unidades existentes".

Durante o Mundial, além das dez UPAs que estarão em funcionamento em Salvador, quatro hospitais estaduais na capital, além da unidade de ortopedia, foram acionados para funcionarem como unidades de retaguarda caso seja necessário transferir pacientes. Não existem hospitais municipais em Salvador.
De acordo com informações do plano integrado de saúde para a Copa, formulado por órgãos do estado e do município, a rede estadual tem 217 leitos clínicos e 78 de UTI. Durante o período dos jogos, haverá cerca de 50 ambulâncias do Samu.

Grávidas denunciam médico cubano por abuso sexual

Polícia Civil de Goiás investiga denúncia de três mulheres contra integrante do programa do governo federal Mais Médicos que atua desde o começo do ano na cidade de Luziânia (GO), região do Entorno de Brasília; elas alegam que clínico geral cometeu atos libidinosos durante consultas; Secretaria Municipal de Saúde afastou profissional e informou caso ao ministério; médico será ouvido nesta terça-feira (20) pela delegada que investiga o caso

Goiás - Três grávidas acusam um médico cubano, integrante do Programa Mais Médicos do governo federal, de praticar abuso sexual contra elas durante atendimento num posto de saúde na cidade de Luziânia (GO), na região do Entorno do Distrito Federal.
Uma delas disse à Polícia Civil que ele pediu para ela se deitar numa maca e, durante a consulta de rotina para verificar a situação de uma infecção urinária, o profissional tocou suas parte íntimas com intenção de praticar ato libidinoso.
O profissional atuava no posto desde o começo deste ano. As mulheres que o acusam já passaram por exame de corpo de delito. “A forma como ele agia é a mesma. Eram gestantes e aí, na consulta de rotina, para verificar a situação gestacional, ele praticava o ato libidinoso com as vítimas”, afirmou a delegada Dilamar de Castro, que deve ouvir o acusado nesta terça-feira (20).
A Secretaria de Saúde de Luziânia informou que já afastou o médico do trabalho. O órgão disse ainda que já repassou as denúncias para o Ministério da Saúde, responsável pelo Mais Médicos e por contratar o profissional.
Fonte: site 247

19 maio 2014

Policiais de treze Estados decidem parar na quarta-feira. SP e RJ estão entre os que confirmaram adesão à paralisação

A paralisação nacional de policiais, convocada para a próxima quarta-feira, já tem a adesão de metade dos Estados brasileiros. Até o início da tarde desta segunda, agentes de treze unidades da federação aceitaram a convocação feita pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol). São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Amazonas, Pará, Alagoas, Paraíba, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rondônia e Bahia. “Distrito Federal e os demais Estados devem responder até terça-feira se vão também cruzar os braços. Não recebemos nenhuma resposta negativa ainda”, disse ao site de VEJA o presidente da Cobrapol, Jânio Bosco Gandra.
O movimento envolve policiais civis, federais e rodoviários – os militares são proibidos, pelos códigos militares, de fazer greve, apesar de haver algumas mobilizações isoladas. Gandra afirma que em alguns Estados podem ser mantidos de 30% a 70% dos agentes trabalhando. “Vai depender do nível de violência e da demanda de cada lugar”, explica. A medida, de acordo com ele, é para evitar que se repita em escala nacional o caos das ruas de Recife na semana passada, em razão da paralisação da Polícia Militar. “Já fizemos um pedido especial para que os movimentos pernambucano e baiano não envolvam a PM. Não podemos causar o resultado inverso, queremos que realmente melhore a segurança pública no país”, reforçou o presidente da Cobrapol.
O objeto da paralisação é pressionar o governo federal a criar uma política de segurança pública que se preocupe também em melhorar as condições de trabalho da força policial. “Não existe uma gestão nacional nem investimento adequado. Nesse jogo de empurra, a população fica com a sensação de impunidade. Em alguns Estados, o índice de crimes solucionados não passa de 8%, é baixíssimo”, diz Gandra, acrescentando que não houve sequer treinamento adequado de policiais para a Copa do Mundo. “Esperamos que o governo reagisse, mas ele decidiu treinar só 300 agentes da Força Nacional. Esse número é insuficiente para dar conta de todas as sedes. A gente teme por isso. Pode ser um fiasco”.
Mobilizações - Em Brasília, os agentes farão uma passeata que pode terminar no Ministério da Justiça ou na Praça dos Três Poderes. No Rio, o grupo se encontra às 14h na Cidade da Polícia, Zona Norte da capital, e caminha até o bairro da Tijuca. “Às 19h, faremos uma assembleia para definir os rumos da categoria”, acrescenta Francisco Chao, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol).
A categoria paulista programa uma passeata para o sábado. O acordo oferecido pelo governo federal não foi aceito. “Nós pleiteamos uma restruturação de carreira que possa entrar em vigor em 2016, mas o governo nos oferece apenas ajuste salarial e não garante anistia aos grevistas. Por isso, a greve não está descartada”, afirmou Alexandre Sally, presidente do sindicato de policiais federais do Estado de São Paulo.

Projeto de lei proíbe greves de militares


Parado na Comissão de Direitos Humanos do Senado, um projeto de lei apresentado em 2011 pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) regulamenta as greves no serviço público no Brasil – para o setor privado, a regulamentação é de 1989. O texto estabelece condições para negociação, cria exigências de prazo para que os sindicatos informem a população e os governos com trinta dias de antecedência sobre as reivindicações e delimita efetivos mínimos para serviços públicos essenciais. O projeto propõe a proibição total de greves nas Forças Armadas, polícias e bombeiros militares. “No ano passado foram votados projetos que anistiaram grevistas de treze greves de policiais militares. Há um grande contrassenso nisso, pois quando há uma greve com danos para a população, mesmo com medidas decididas pelas corporações, a anistia torna a punição algo inócuo”, critica o tucano.
A regulamentação, explica o senador, incorpora os princípios da convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece a proteção do direito de organização do trabalhador e define as condições para o serviço público para os países signatários. Em linhas gerais, o projeto determina que sindicatos tenham normas claras de convocação de assembleias e as formas como serão decididas paralisações coletivas. Estabelece também a obrigatoriedade de formação de uma mesa de negociação coletiva – ou seja, a negociação não fica à mercê da vontade política dos governantes. As greves no serviço público passam a ser – como manda o bom senso – o último recurso, uma medida extrema para quando não foi possível alcançar a solução do impasse.
Serviços essenciais, de acordo com o PL 710/2011, devem manter 60% de seus servidores em atividade; para a segurança pública – incluídos policiais civis e guardas municipais – precisam atuar com 80% de seu efetivo. E, no caso de quadros do Exército, Marinha, Aeronáutica, PM e bombeiros, toda paralisação seria ilegal.
“Greves no serviço público são sempre penosas. É preciso salvaguardar a população, para que saiba com antecedência quando haverá uma paralisação, e proteger os servidores, para que não fiquem vulneráveis a desmandos”, diz Ferreira. O projeto também limita a 30% os cortes de vencimentos em caso de suspensão dos pagamentos dos grevistas, e proíbe exonerações, transferências ou medidas punitivas para grevistas durante a paralisação
Fonte: site policialbr

16 abril 2014

PM Baiana Entra Em Greve Por Tempo Indeterminado

Uma das rodadas de negociação que durou nove meses
 Após nove meses de negociações entre integrantes do governo baiano e representantes de todas as associações da classe policial militar (ASPRA, APPM, FORÇA INVICTA, OBSCI, ABSSO, DOIS DE JULHO), quando foram discutidas melhorias para a categoria, não houve acordo entre o GT (grupo de trabalho) dos policiais e o Governo, sendo decretada na data de ontem (15) a grve da Polícia Militar da Bahia.


A Assembléia que teve início às 15 horas desta terça-feira, foi encerrada por volta das 19 horas quando após esperarem por uma proposta do governador Jacques Wagner, que não aconteceu, os presentes decidiram pela paralisação das atividades policiais. Dentre os principais pontos exigidos pela categoria, estão o cumprimento de direitos adquiridos desde 1997 e ignorados pelo Governo do Estado, pagamento da URV (já determinado pela STF e ignorado pelo governo baiano), Plano de Carreira (hoje um soldado da PM leva até 25 anos para receber uma promoção que deveria vir com, no máximo, 07 anos), além do pagamento na modalidade de subsídio em vez de gratificações (GAP), como acontece  hoje.



Na tentativa de burlar o movimento, o governo ainda apresentou  uma "proposta indecente" para ser analisada pela categoria onde continha muitos abusos à Constituição Federal e retrocessos, principalmente no Código de Ética, um substitutivo do Regulamento Disciplinar, só pra ter como exemplo: ...trotar ou galopar com o cavalo (passível de punição disciplinar); receber multa de trânsito (infração disciplinar); entrar no quartel com jornal ou revista que contenha fato contra a disciplina.( infração disciplinar) ; participar de entidades de classe, associação ou sindicato. (infração disciplinar), dentre outros impropérios dignos da idade média. E pra fechar o rol de absurdos, ainda propôs a substituição da pena de detenção por uma de suspensão de 90 dias (sem salário), que na prática torna-se em 120 dias sem vencimentos.


A  Assembleia, a princípio, estava marcada para o dia 21 de março, mas foi adiada a pedido do governador, para analisar melhor as propostas (mesmo já tendo sido discutidas por NOVE MESES). O governo, na verdade, foi inábil ou no mínimo negligente na condução da negociação, quando por falta de sensibilidade    permitiu que a greve fosse decretada, omitindo da população a gravidade do que estava por acontecer expondo-a aos riscos que virão.

As Associações dos policiais negociaram o quanto puderam, mas chega o ponto que decisões, muitas vezes antipáticas precisam ser tomadas, afinal são 17 anos de espera por melhorias acordadas pelo próprio Governo e não cumpridas.

Durante a Assembléia, houve, inclusive, suspensão do fornecimento de energia elétrica por alguns minutos, o que deixou no ar uma suspeita de boicote, o que só serviu para acirrar os ânimos e reforçar o sentimento dos presentes que decretaram greve por tempo indeterminado na Polícia Militar da Bahia.

Policiais chegando para a assembléia

Assembléia da PM - cerca de 10 mil policiais presentes

01 abril 2014

Viatura Da PM Se Envolve Em Acidente Na BR


Uma viatura da 10ª CIPM em Candeias, município que fica a 46 km da capital do estado da Bahia, se envolveu num acidente, na noite desta terça-feira (01). Informações preliminares, dão conta de que o veículo se deslocava na rodovia BR 110, quando num trecho que liga aquela cidade ao município de São Sebastião do Passé, foi surpreendido por um outro veículo que trafegava em sentido contrário. Os dois veículos acabaram colidindo frontalmente. Os policiais militares que estavam na viatura sofreram escoriações e foram encaminhados ao hospital de São Sebastião do Passé, para observação. 

Dos ocupantes do segundo veículo, temos informação que o motorista foi socorrido e levado para o hospital, mas devido a gravidade dos ferimentos, não resistiu e veio a óbito. Um homem que viajava no banco do carona, até o fechamento desta postagem, ainda se encontrava preso às ferragens, mas com vida. Não foram informadas as identidades das pessoas envolvidas na ocorrência. As causas do acidente, serão investigadas.

Veja também: PM entra em greve no Maranhão

Quadrilha É Desarticulada Em Porto Seguro


Uma operação conjunta das polícias Civil e Militar, desarticulou, nesta terça-feira (01), uma quadrilha que tinha como especialidade, roubos e furtos a pessoas e residências no distrito de Arraial D'Ajuda em Porto Seguro. A operação foi realizada no período da tarde e prendeu em flagrante os indivíduos Ezequiel Souza de Oliveira, cuja responsabilidade dentro do grupo era atuar na linha e frente, efetuando os delitos, também sua companheira Rogéria Firmina dos Santos, que atuava vendendo os produtos dos roubos e Juan Daniel Barros, vulgo "Argentino", que fazia a guarda dos produtos até serem vendidos. A Policia Civil pede a quem foi vítima desses indivíduos, que procurem a delegacia de Arraial D'Ajuda para registrarem ocorrência. O telefone da delegacia é (73) 3575 3506.

Veja mais:

PM realiza maior apreensão de drogas no município de Una
Bandidos morrem em acidente quando fugiam da polícia







30 março 2014

50 Anos Do Golpe Militar De 64 - Entenda Como Foi

As causas e condições do golpe militar de 1964 foram os seguintes: a radicalização da “política de massas” promovida pelo populismo de esquerda e a mobilização popular que a acompanhava; a reação conservadora das elites e das Forças Armadas contra o governo de João Goulart; a redução do crescimento econômico e o descontrole da inflação; a pressão externa dos Estados Unidos a favor da conspiração em nome da “segurança” do hemisfério ocidental no contexto da guerra fria.


O general Humberto Castelo Branco foi o primeiro presidente do regime militar de 1964. Durante seu governo (1964-1967) começou a enxurrada de decretos, leis, Atos Institucionais e Emendas Constitucionais:

Ato Institucional n° 1 (10/04/64) – autorizava a cassação de mandatos e a suspensão de direitos políticos de parlamentares, governadores, funcionários públicos e líderes sindicais, além dos ex-presidentes Jânio Quadros, João Goulart e Juscelino Kubitschek. Determinou também a eleição indireta para a Presidência da República.

Ato Institucional n° 2 (27/10/65) – dissolveu os partidos políticos existentes e criou o bipartidarismo. Surgiu, um partido do governo – a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) – e outro de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Lei de Imprensa (9/2/67) – impôs restrições à liberdade dos meios de comunicação, sobretudo aos jornais e revistas, prevendo ainda o direito a censura prévia a livros, revistas e espetáculos.

No plano econômico, o governo Castelo Branco anunciou um programa econômico denominado PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), a fim de combater a inflação, estimular as exportações e desestimular as importações. O Paeg alcançou vários objetivos com a redução da inflação e a recuperação das exportações agrícolas.


Resistência E Repressão


Em março de 1967, tomou posse o segundo presidente militar, o general Artur da Costa e Silva (1967-1969). Durante o seu governo, cresceu no país a reação ao regime militar, mobilizando diversos setores sociais e políticos no Brasil.

Formou-se ainda em 1966 a Frente Ampla, com Carlos Lacerda, ex-governador do estado da Guanabara (hoje Rio de Janeiro), que se aliou com os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek e parte do MDB, que almejavam preparar um bloco de resistência liberal-democrático. Contudo, a Frente Ampla não conseguiu a trair o apoio da população e acabou se extinguindo.


Na verdade, a mobilização popular de expressão contra o regime seria o movimento estudantil. Liderados por dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), que atuava na clandestinidade, os estudantes promoviam manifestações e comícios em todas as grandes cidades do país.

No dia 27 de Outubro de 1964, o Congresso Nacional já havia extinguido a UNE e todas as uniões de estudantes estaduais, aprovando a Lei Suplicy.


O auge dos protestos estudantis se deram a partir da morte do estudante paraense Edson Luís de Lima Souto assassinado pela Polícia Militar em 28 de março de 1968 durante um confronto no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro. Edson foi o primeiro estudante assassinado pela Ditadura Militar e sua morte marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar.
Marcha Dos Cem Mil



Centenas de cartazes foram colados na Cinelândia com frases como "Bala mata fome?", "Os velhos no poder, os jovens no caixão" e "Mataram um estudante. E se fosse seu filho?".


Em 26 de junho ocorre a Passeata dos Cem Mil, uma manifestação de protesto, em consequência da morte do estudante secundarista Edson Luís. A manifestação reuniu mais de cem mil pessoas, no centro da cidade do Rio de Janeiro, na zona conhecida como Cinelândia, o que representou um dos mais significativos protestos no período ditatorial do Brasil.


A música popular também foi utilizada para propagar a resistência contra o regime militar. Na década de 60, os festivais de música popular da TV Record, de São Paulo, serviram como veículo para expressar a indignação dos artistas contra a opressão imposta pela ditadura. É dessa época a música “Pra não dizer que não falei de flores”, mais conhecida como “Caminhando”, de Geraldo Vandré, que se tornou um hino de contestação e mobilização contra o regime militar, juntamente com o samba “Apesar de você”, de Chico Buarque de Holanda.


Caminhando tornando-se um hino de resistência contra o governo militar foi censurada. O Refrão “Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer” foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores.


“Apesar de você” é uma canção escrita e originalmente interpretada por Chico Buarque de Hollanda, em 1970 , no exílio em Roma. A canção, por implicitamente lidar com a questão da falta de liberdade durante a época da ditadura militar, foi proibida de ser executada pelas rádios no Brasil pelo governo Médici.
Hoje você é quem manda

Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.
(Coro)

Apesar de você

amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
(Letra de “Apesar de você”, de Chico Buarque de Holanda, 1970.)
A Guerrilha Urbana


Setores radicais de esquerda começaram a atacar o governo com ações clandestinas armadas, como assaltos a bancos, sequestro de diplomatas e atentados contra autoridades e unidades militares.



Uma das primeiras organizações a pegarem em armas contra a ditadura foi a Ação Libertadora Nacional (ALN), uma organização revolucionária comunista brasileira de oposição ao regime militar, surgida no fim de 1967, com a expulsão de Carlos Marighella do Partido Comunista do Brasil (ex-PCB). A ALN tinha a proposta de uma ação objetiva e imediata contra a ditadura militar, defendendo a luta armada e a guerrilha como instrumento de ação política.

Além da ALN, houve na guerrilha urbana, a VAR-Palmares e o MR-8. A Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) foi uma organização brasileira de esquerda que combateu o regime militar. Surgiu em julho de 1969, como resultado da fusão do Comando de Libertação Nacional (Colina) com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) de Carlos Lamarca.

O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) foi uma organização brasileira de esquerda, com orientação marxista-leninista, que participou do combate armado à Ditadura no Brasil. Seu nome rememora a data em que o guerrilheiro argentino Che Guevara foi capturado pela CIA na Bolívia.


As principais ações da guerrilha urbana no Brasil de 1968 a 1970 foram: o assalto ao trem pagador da ferrovia Santos-Jundiaí (10/6/1968), pela ALN; o ataque ao QG do II Exército (26/6/1968), pela VPR; o roubo do cofre de Adhemar de Barros (11/5/1969), contendo pouco mais de 2,8 milhões de dólares, em espécie, o equivalente a 16,2 milhões de dólares de 2007, pela VAR-Palmares; o assassinato do capitão do Exército dos Estados Unidos e suposto agente da CIA Charles Rodney Chandler (12/10/1969), pela VPR; o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick (4/9/1969), pela ALN e o MR-8.


A maioria dos guerrilheiros eram estudantes, com idade média de 23 anos, que haviam se mobilizados nas ruas em 1968. Boa parte havia abandonado as universidades. De cada dez ações de guerrilha, oito buscavam dinheiro, armas, papéis de identidade. As ações mais ofensivas, como os sequestros de diplomatas, destinavam-se a tirar gente da cadeia ou do país.


A destruição das organizações armadas começou em 1969, a partir da organização das atividades de policia política dentro do Exército. No final de 1970, todas as organizações da guerrilha urbana estavam desestruturadas.
A Guerrilha No Campo


No campo, a mobilização guerrilheira teve sua maior expressão com a Guerrilha do Araguaia. A Guerrilha do Araguaia foi um conjunto de operações guerrilheiras ocorridas durante a década de 1970. O movimento foi organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), oriundo de uma cisão no PCB. Os integrantes do PCdoB pretendiam combater o governo militar e implementar o comunismo no Brasil, iniciando o movimento pelo campo.
Área De Atuação Da Guerrilha No Araguaia


Os guerrilheiros eram em sua maioria estudantes, professores e profissionais liberais. Os militantes do PCdoB começaram a chegar na região a partir do final da década de 1960. Oriundos do sul e sudeste, eram chamados de “paulistas”.


Estima-se que participaram em torno de setenta a oitenta guerrilheiros sendo que, destes, a maior parte se dirigiu àquela região em torno de 1970. Entre eles, estavam Osvaldo Orlando Costa (o “Osvaldão”), o médico João Carlos Haas Sobrinho, a estudante de biologia da Universidade Federal Fluminense Cristina Moroni de 21 anos, Maria Célia Corrêa, 26 anos, estudante da Faculdade Nacional de Filosofia, além do ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, que foi detido pelo Exército em 1972.


Os guerrilheiros se estabeleceram em uma região onde os estados de Goiás, Pará e Maranhão faziam fronteira, às margens do rio Araguaia-Tocantins, próximo às cidades de São Geraldo e Marabá no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás (região onde atualmente é o norte do Estado de Tocantins, também denominada como Bico do Papagaio).


Logo, procuraram se integrar às comunidades locais. Para isso, faziam seus roçados, montavam farmácias e, de acordo com suas habilidades, ajudavam em partos, faziam cirurgia e dedicavam-se a alfabetização da população local.


Os guerrilheiros criaram a ULDP (União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo), onde discutiam as reivindicações de interesse dos moradores locais, sobretudo questões relacionadas à grilagem e repressão, estimulando a consciência política da população e buscando apoio para a guerrilha. Também se organizaram militarmente com a formação das FORGAs (Forças Guerrilheiras do Araguaia), promovendo treinamentos e ações de guerrilha.


O Exército Brasileiro descobriu a localização do núcleo guerrilheiro em 1971 e fez três investidas contra os rebeldes. Os guerrilheiros, surpreendidos, se refugiaram armados na floresta. As operações de guerrilha iniciaram-se efetivamente em 1972, tendo oferecido resistência até março de 1974.


Em 1972, no primeiro choque com a guerrilha, uma tropa do Exército foi desbaratada. Em 5 de maio, outra tropa foi desbaratada pela guerrilha, um tenente foi ferido e o cabo Odílio Cruz Rosa, da 5ª Companhia de Guardas de Belém foi morto. A guerrilha também atacou uma base do 2° Batalhão de Infantaria de Selva e matou o sargento Mário Abrahim da Silva.


Em janeiro de 1975 as operações foram consideradas oficialmente encerradas com a morte ou detenção da maioria dos guerrilheiros.


Em 1976 ocorreu a chamada Chacina da Lapa quando foram executados os últimos dirigentes históricos do PCdoB.

Os Anos De Chumbo
A repressão da ditadura militar contra qualquer ofensiva contrária ao regime começa a ser instituída desde a eclosão do golpe. Em Junho de 1964, foi criado o Serviço Nacional de Informações (SNI), onde eram catalogados e fichados aqueles que eram considerados inimigos do Estado, que eram considerados perigosos à Segurança Nacional. O SNI coordenava e catalogava todas as informações que poderiam ser relevantes: cidadãos e suas ações eram rastreadas, grampeadas, fotografadas.


Diante da ofensiva estudantil e guerrilheira a reação da ditadura foi endurecer a repressão, sobretudo durante os governos dos presidentes Costa e Silva (1967-1969) e Emílio Garrastazu Médici (1969-1974).

Em 13 de Dezembro de 1968, o Presidente Costa e Silva decretou, mandou publicar e cumprir o Ato Institucional Número 5 (o AI-5). Dava-se início aos anos de chumbo.

Pelo disposto no ato, os militares tinham o direito de decretar o recesso do Congresso, das Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Foi retirada toda a estabilidade e independência do Poder Judiciário, pois o Executivo poderia mandar suspender habeas-corpus sob a acusação de crime político contra qualquer cidadão em qualquer momento. A cassação de direitos políticos poderia ser decretada com extrema rapidez e sem burocracia, o direito de defesa ampla ao acusado foi eliminado, suspeitos poderiam ter sua prisão decretada imediatamente, sem necessidade de ordem judicial, os direitos políticos do cidadão comum foram cancelados e os direitos individuais foram eliminados pela instituição do desacato à autoridade.


Além do AI-5, outras medidas foram tomadas como:

Criação das Áreas de Segurança Nacional (1968): municípios brasileiros, inclusive as capitais estaduais, foram declarados “áreas de segurança nacional”, perdendo sua autonomia e passando a ter prefeitos nomeados pelo governo federal.

Ato Institucional n° 14 (1969): determinava a pena de morte ou a prisão perpétua para os crimes da “guerra revolucionária e subversiva”.

Emenda Constitucional n° 2 (1972): estabelecia eleições indiretas para os governadores estaduais.

Criação do Colégio Eleitoral (1973): órgão destinado a eleger o presidente da República.

Foram também ampliados em nível nacional os aparelhos policiais e militares de repressão, centrados nos DOI-CODIs. Os CODIs eram os Centros de Operação de Defesa Interna, sendo órgãos de planejamento das ações de defesa. Os DOIs eram os destacamentos de operações de informações surgidos a partir de 1970 no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Belém, Brasília, etc. Seus destacamentos faziam as investigações, buscavam informações e realizavam a busca e apreensão. Os DOIs faziam o trabalho sujo: prisão, interrogatório, tortura e assassinato.
O tenente e torturador Marcelo Paixão de Belo Horizonte de 1968 a 1971, descreve o método de tortura utilizado:


“A primeira coisa era jogar o sujeito no meio de uma sala, tirar a roupa dele e começar a gritar para ele entregar o ponto (lugar marcado para encontros) e os militantes do grupo. Era o primeiro estágio. Se ele resistisse, tinha um segundo estágio, que era mais porrada. Uma dava tapa na cara. Outro, soco na boca do estômago. Se não falava, tinha dois caminhos. Dependia muito de quem aplicava a tortura. Eu gostava muito de aplicar a palmatória. É muito doloroso, mas faz o sujeito falar. (...) Você manda o sujeito abrir a mão. O pior é que, de tão desmoralizado, ele abre. Aí se aplicam dez, quinze bolos na mão dele com força. A mão fica roxa. Ele fala. A etapa seguinte era o famoso telefone das Forças Armadas. (...) É uma corrente de baixa amperagem e alta voltagem. (...) Eu gostava muito de ligar nas duas pontas dos dedos. Pode ligar numa mão e na orelha, mas sempre do mesmo lado do corpo. O sujeito fica arrasado. O que não pode fazer é deixar a corrente passar pelo coração. Aí mata. (...) O último estágio em que cheguei foi o pau-de-arara com choque. Isso era para o queixo-duro, o cara que não abria nas etapas anteriores.”
(Entrevista de Marcelo Paixão de Araújo a Alexandre Oltramari, revista Veja, 9 de dezembro de 1998. pp. 42-53.)(Entrevista de Marcelo Paixão de Araújo a Alexandre Oltramari, revista Veja, 9 de dezembro de 1998. pp. 42-53.)

A ditadura estimulou também a ação de grupos paramilitares de direita, reunindo civis, policiais e militares, como os Comandos de Caça aos Comunistas (CCCs) e os Esquadrões da Morte, que realizavam atentados contra teatros, igrejas, sindicatos, órgãos de imprensa, etc.


No dia 18 de Julho de 1968 integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadem o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, espancam o elenco da peça Roda Viva.

Em 1969, diversos artistas, como Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Geraldo Vandré sofrem pressões políticas e são obrigados a deixar o país.
Com a assinatura do AI-5, a censura a imprensa tornou-se implacável. O jornal O Estado de São Paulo teve por diversas vezes seu prédio invadido e suas máquinas para produzir seus jornais paradas por chefes da Polícia Federal. O Jornal do Brasil teve um de seus diretores preso, o embaixador José Sette Câmara, ex-governador do estado da Guanabara.

A censura não permitia que nenhum jornal divulgasse notícias sobre recessão econômica e financeira ou sobre atos terroristas, preparação de guerrilhas, movimentos operários, greves, explosão de bombas, assaltos a bancos, roubo de armas, etc.

O jornal semanário de vanguarda O Pasquim sofreu atentados a bombas e chegou a ter toda a sua redação presa. Outro semanário, o Opinião teve cerca de 5 mil publicações vetadas pela censura. Seu diretor, Fernando Gasparian foi detido, e explodiu-se uma bomba em sua sede.


Uma das ações mais marcantes da repressão da ditadura foi a morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975. Diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, Herzog foi acusado de pertencer ao PCB. Apresentando-se voluntariamente no DOI-CODI de São Paulo, foi encontrado morto em uma das celas do órgão, enforcado com seu próprio cinto. Ninguém acredita na versão oficial de suicídio.

Corpo De Herzog No DOI-CODI
Fonte: Blog Nova História

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