De acordo com os pesquisadores de Oxford, os benefícios do uso diário de AAS podem compensar os riscos de sangramento no estômago e no intestino, mas eles ressaltam que não estão recomendando o consumo.
Um estudo coordenado pela Universidade Britânica de Oxford indicou que uma pequena dose diária de ácido acetil-salicílico pode reduzir em 25% em média o risco de vários tipos de câncer.Existem muitos medicamentos no mercado que têm o AAS como princípio ativo.
A aspirina é o mais antigo deles.De acordo com os pesquisadores, os benefícios do uso diário de AAS podem compensar os riscos de sangramento no estômago e no intestino, mas eles ressaltam que não estão recomendando o consumo.
O ácido acetil-salicílico também é associado à redução de ataques cardíacos e derrames.
Pesquisas apontam, a cada dia, novos benefícios relacionados ao ácido acetilsalicílico. Mas os médicos alertam para os perigos da automedicação e do mau uso desse remédio.
Principais Benefícios Do Ácido Acetil Salicílico
1- Reduz a temperatura do corpo, durante processos febris leves (37,5 ºC a 38,5 ºC). Em casos de febres mais agudas, que chegam a 39 ºC ou mais, a aspirina deixa de ser indicada como antitérmico.
2- A aspirina pode prevenir câncer de cólon, de mama e pele, segundo sugerem pesquisas do Instituto de Genética Humana da Universidade de Newcastle (Grã-Bretanha), da Universidade de Columbia (Nova York, EUA) e do Instituto de Pesquisa Médica de Queensland (Austrália), respectivamente. Os cientistas, porém, reconhecem que os resultados ainda são insuficientes e que serão necessários mais estudos para que se afirme isso com mais propriedade.
3- Previne enxaqueca, trombose, acidente vascular cerebral (AVC ou derrame) e infarto do miocárdio, além de ser usado no tratamento de pessoas com ataques isquêmicos (responsáveis pela suspensão ou diminuição da irrigação sangüínea em alguma parte do corpo). Ao inibir o entupimento de veias e artérias, o uso diário de aspirina reduz em 25% o risco de infarto em homens e mulheres acima de 45 anos, segundo os médicos cardiologistas. É uma das grandes armas da medicina no combate a problemas cardiovasculares. Das 36.111 receitas prescritas no ambulatório do Instituto do Coração (Incor), em janeiro deste ano, 20.833 previam o uso do comprimido.
4- Alivia dores leves e moderadas, como cefaléias, cólicas (menstrual e outras), mialgias, dor de dente e dor de ouvido. Nesses casos, o comprimido atua como um analgésico.
5- Age no combate e prevenção de inflamações nas articulações, como artrite reumatoide osteoartrite e artrite juvenil. A ação é tripla: o medicamento funciona como anti-reumático, anti-inflamatório e analgésico.
6- Combate reações hansenianas leves (lepra) e a doença de Kawasaki, inflamação dos vasos sanguíneos de crianças que ocasiona febre. Age como anti-inflamatório e também como antiagregante plaquetário, atenuando os processos infecciosos e inibindo a formação de coágulos no sistema circulatório.
Ele é considerado o medicamento do século. Não apenas por ser o fármaco mais vendido do planeta, mas principalmente por sua polivalência. Nenhuma outra droga tem tantas aplicações como o ácido acetilsalicílico, princípio-ativo de remédios como Aspirina (Bayer), Melhoral (Dorsay Monange), AAS (Sanofi-Aventis), Bufferin (Bristol-Myers Squibb), entre outros. É considerado um legítimo cinco em um: analgésico, antitérmico, anti-reumático, antiinflamatório e antiagregante plaquetário. Traduzindo, serve tanto para o alívio de gripes, febres, dores de cabeça e resfriados quanto para reumatismos e a prevenção de problemas cardiovasculares, como infarto e derrame.
Pesquisas recentes sugerem até que este comprimido comercializado em doses de 100 mg a 500 mg é eficaz na diminuição dos riscos de câncer.
Mas quando as pessoas devem tomá-lo? Já que ele é vendido sem necessidade de prescrição médica significa que podemos utilizá-lo indiscriminadamente? Em suma, é um medicamento inofensivo? O farmacologista George Washington Cunha, diretor-técnico do Serviço de Farmácia do Instituto do Coração (Incor), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, garante que não.
"Além das contra-indicações e dos efeitos colaterais, há problemas relacionados ao uso simultâneo de duas ou mais drogas", alerta o especialista. "Por isso é importante conversar com o médico antes de ingerir qualquer remédio. Mesmo no caso do ácido acetilsalicílico. É claro que não há grandes riscos em tomá-lo esporadicamente, para atenuar uma dor de cabeça leve ou um princípio de resfriado, desde que já se tenha feito isso outras vezes com o consentimento de um especialista", completa.
Outra dúvida freqüente é se a aspirina e seus similares realmente cumprem o que prometem. Quer dizer, tudo o que se fala deles é verdade?
O cardiologista Raul Dias Santos reconhece que são medicamentos bastante versáteis, capazes de amenizar quadros de mal-estar, causados por dores ou inflamações, e até reduzir riscos cardíacos. Mas avisa que sua eficácia tem limites e chama a atenção para os riscos. "É um remédio que pode levar a sangramentos do aparelho digestivo e úlceras, por exemplo". Não é porque o medicamento é bom e barato que as pessoas devem consumi- lo a cada incômodo que surge no corpo. Fique atento também às indicações, contra-indicações e aos riscos desse comprimido, e sempre consulte o seu médico antes de visitar uma farmácia para adquiri-lo.
ANVISA Solicita Cuidado No Uso Do Ácido Acetilsalicílico
Durante o inverno, há uma incidência maior de casos de doenças virais como a gripe, e por consequência aumenta também a utilização de medicamentos para aliviar os sintomas. Por esse motivo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou esta semana um alerta sobre a necessidade de restringir o uso de medicamentos com ácido acetilsalicílico no tratamento desses tipos de enfermidade. A precaução é necessária, já que crianças e adolescentes, ao ingerirem essa substância, têm aumentada a probabilidade desenvolver a síndrome de Reye. A doença apresenta sintomas como vômitos persistentes, letargia, mudanças de personalidade, como irritabilidade ou agressividade, e pode levar à morte.
A causa da síndrome de Reye ainda não é conhecida, mas segundo a Anvisa estudos demonstraram que o uso de medicamentos que contêm o ácido acetilsalicílico no tratamento específico de doenças virais aumenta o risco de seu desenvolvimento. A restrição já está no Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da Influenza, publicado pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o assessor técnico do Conselho Estadual de Farmácia, José Geraldo Martins, não há motivo para suspender definitivamente o uso de medicamentos com essa substância. "O acido acetilsalicílico é utilizado há muitos anos pela indústria farmacêutica. Os medicamentos que contêm essa base são muito seguros e eficientes. O que se deve fazer é evitá-los nos casos de doenças virais, como as gripes e a dengue."
Martins informou que, para evitar qualquer complicação referente a essa síndrome ou a qualquer outra doença, é importante que as pessoas não se automediquem. "A síndrome de Reye pode ocorrer com a utilização de doses normais desses remédios, e não há como dizer que quantidades podem gerar problemas. Por isso, é recomendável que a pessoa procure os profissionais da saúde antes de ingerirem remédio por conta própria."
O técnico explicou ainda que há outras alternativas no mercado para tratar os sintomas das viroses. "Os remédios à base de paracetamol, ibuprofeno e naproxeno não causam essa síndrome e aliviam os sinais da gripe."
Doença
Segundo Martins, a síndrome de Reye já era conhecida pelo profissionais da saúde há tempos, e em alguns casos ela pode levar o paciente à morte. A doença, que pode ocorrer durante a recuperação de uma infecção viral ou alguns dias após seu início, ataca todos os órgãos, mas se manifesta de forma mais incisiva no cérebro e no fígado. "Essa síndrome gera um aumento da pressão sanguínea dentro do cérebro, além do acúmulo de gordura."
A síndrome é mais comum em crianças e pré-adolescentes — dos 4 aos 12 anos —, mas já foram registrados casos em pessoas de todas as idade. Entre os sintomas mais comuns estão os vômitos, sonolência ou perda dos sentidos, irritabilidade e convulsões. A doença pode matar em poucos dias ou levar o paciente a alguma deficiência. Martins informou ainda que, a qualquer sintoma, os pacientes devem procurar, com urgência, tratamento médico adequado.
Por: CAROLINA CARVALHO e GIULIANO AGMONT