Nesta
semana, nos dias 11, 12 e 13, ocorre mais uma etapa da greve nacional
dos agentes, escrivães e papiloscopistas federais. O ponto alto do
evento acontece na quarta-feira (12), na Esplanada dos Ministérios,
em Brasília, onde haverá uma passeata com centenas de policiais
vindos de todas as partes do país, com enormes elefantes brancos
infláveis, que simbolizam a burocracia e a politicagem na Segurança
Pública.
A
Federação Nacional dos Policiais Federais representa sindicalmente
mais de 20 mil policiais federais, e protesta por uma Segurança
Pública eficiente, “padrão FIFA”. A entidade denuncia que
servidores burocratas, sem experiência operacional em campo, estão
sendo indicados por critérios políticos para planejarem e
coordenarem a segurança da Copa 2014.
Os
agentes federais estão preocupados, pois a cúpula do Governo
aparenta estar mal assessorada, sem noção da realidade. Na tomada
de decisões, policiais especializados e experientes em campo não
são ouvidos. E devido às falhas gerenciais, o que se observa é uma
tendência emergencial à militarização, com tanques e fuzis
apontados para os brasileiros.
Por
conta do amadorismo e pressão do ano eleitoral, a entidade reclama
que o verdadeiro trabalho de prevenção não tem sido feito. Os
policiais federais criticam o sensacionalismo usado para divulgar
estatísticas improdutivas, e para anunciar medidas paliativas, que
só surtirão efeito se forem utilizadas para combater tragédias,
que podem ser evitadas.
Para
os investigadores experientes, acostumados a produzir anonimamente as
grandes operações da PF, as maiores fragilidades da Segurança
Pública no Brasil estão nas fronteiras e nos aeroportos. E nestas
duas frentes o que se observa são falhas graves de gestão, enquanto
são gastos milhões em soluções maquiadas “para inglês ver”.
Segundo
Jones Borges Leal, presidente da Fenapef, “em todos os aeroportos e
unidades de fronteiras brasileiras, sem exceção, não existe uma
quantidade suficiente de agentes federais para cuidar do policiamento
aeroportuário, de fronteiras e combate ao crime organizado. Em
alguns aeroportos não tem nenhum. E infelizmente mais de 250
policiais federais abandonam a profissão todos os anos, pois a
carreira tem sido duramente sucateada pelo governo”.
Segundo
a federação, a gestão da Polícia Federal é monopolizada por
servidores burocratas, e devido à diminuição no número de agentes
federais, funções policiais estratégicas são ilegalmente
terceirizadas para pessoas sem vínculo estatal, sem formação
acadêmica, sem treinamento ou experiência, escolhidas por
licitações baseadas no critério menor preço.
Leal
adverte, “a porta de entrada de um país é o desembarque dos
aeroportos internacionais e as fronteiras. Nestes locais, a análise
e a investigação, assim como as técnicas de entrevista,
fiscalização e trabalho em equipe com os policiais especializados
no combate ao crime organizado são coisas que não podem ser
terceirizadas de maneira irresponsável”.
O
Governo Federal anunciou que caças estarão em alerta para abater as
ameaças durante a Copa. Mas a federação protesta contra o descaso
com o policiamento aeroportuário, e abandono de agentes federais
treinados e experientes. Afinal, é mais inteligente evitar o
embarque de um terrorista, e não ter que abater um voo comercial com
300 passageiros em áreas urbanas.
Enquanto
compras milionárias de equipamentos luxuosos são anunciadas como
soluções, a Polícia Federal continua em crise, e as fronteiras do
país continuam abertas para o tráfico de drogas e armas. Devido à
politicagem na Segurança Pública, a sociedade brasileira sofre com
o aumento da violência e da criminalidade, que aterrorizam toda a
população.
Nos
gastos com a Segurança dos Grandes Eventos, o foco deveria ser o
investimento permanente nas estruturas das polícias. Porém, devido
à péssima gestão, grande parcela será gasta em segurança
privada, sem licitação, ou diárias e passagens para os milhares de
policiais que vão ser deslocados de suas cidades de origem, onde as
populações ficarão mais vulneráveis à criminalidade.
Com
a continuidade da greve, novas pesquisas vão detalhar os resultados
dos investimentos federais em segurança pública. Enquanto isso, os
agentes federais idealizam propostas de emenda à Constituição que
buscam a desmilitarização e o profissionalismo na Segurança
Pública, através das PEC´s 51, 73 e 361. E a luta para a extinção
dos elefantes brancos continua.